QUEM SÃO ESSAS MULHERES?

O título me trouxe à memória uma das belíssimas músicas de Chico Buarque , que transcrevo abaixo.
Angélica
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

A letra, que merece uma profunda reflexão, mostra a dor de uma mãe que “só queria embalar meu filho, que mora na escuridão do mar”,  foi uma homenagem à estilista mineira Zuzu Angel, que teve o seu filho Stuart Angel Jones, preso pela ditadura militar, em 1971, e cujo corpo nunca foi achado.
Zuzu passou a usar o seu prestígio nacional e internacional, inclusive pelo fato do pai de seu filho ser cidadão americano, para usar o seu estilo na costura e também na promoção de eventos, para denunciar os assassinos do filho, e exigir o direito de saber do paradeiro do seu corpo.
Por esse seu árduo trabalho, Zuzu certamente mereceria atenção e proteção do Estado, se estivesse num país democrático, o que não foi o seu caso, pois tudo isso se deu durante os anos de chumbo implantado pelo regime militar. 
Ela deixou escrito que, se algo lhe acontecesse, com certeza os autores seriam os mesmos assassinos de seu filho Stuart. 
E não deu outra, a busca frenética de Zuzu Angel pelos culpados e pelo corpo do filho resultou em sua morte de forma misteriosa em 1976, num acidente na saída de um túnel, hoje batizado com seu nome, quando o seu carro derrapou e saiu da pista, chocando-se contra a mureta de proteção, matando-a instantaneamente. Há muitas evidências de que o seu carro foi fechado por um outro, certamente que de forma intencional.
Tudo isso foi falado para responder agora quem são essas mulheres, principalmente pelo fato delas atuarem na proteção à pessoa, que como Zuzu Angel, lutam por um direito de justiça  que lhe afeta, bem como a outras pessoas que lhe rodeiam.
Alice Pacheco, à esquerda é Psicóloga e Benilda Brito, na extrema direita, é Professora. Ambas vieram de BH, estão hospedadas no GAB e são lotadas na Secretaria Estadual de Direitos Humanos de Minas, em função da ameaça sofrida pelo Frei Gilberto, pároco local, decorrente de sua postura na defesa da preservação da natureza nessa área de amortecimento do Parque Estadual Serra do Brigadeiro.
Essa manhã tomaram café aqui em casa e foi uma ótima oportunidade para conhecer o trabalho desse órgão, que tem sob a sua proteção mais de 60 mineiros, que são ameaçados por atuarem na defesa de direitos coletivos, prestando-lhes apoio jurídico, social e psicológico e também atuando junto aos órgãos de segurança, cobrando destes agilidade na condução de inquéritos e investigações.
Ronaldo chegou atrasado, mas ainda a tempo do café. Também integra a equipe que está atuando nesses dias aqui em nosso distrito.

Amanhã estarão participando da Caminhada em Defesa das Águas e Contra a Mineração, a partir das 7:30 horas.

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