UM ALMOÇO COM AMIGOS

Em setembro deste ano estivemos em Salvador e viemos conhecer esse espaço, onde funcionou o CANDYALL GUETHO SQUARE, até que fosse fechado, em função do som na área residencial. Mas os belos projetos sociais de Carlinhos Brown continuam funcionando aqui.
E novamente fomos almoçar lá, no restaurante de D, Madalena, mãe de Carlinhos Brown.
Da outra vez ela nos contou uma bonita história de superação por parte da família. Vamos repetir:

"Mulher de muita fibra, mãe de 11 filhos, 7 deles vivos, falou das grandes dificuldades que teve para criar essa prole. Viram de tudo,  até dificuldade de alimentar tantas bocas.
Carlinhos, o mais velho, já antes dos 13 anos ia para a região do Iguatemi para carregar embrulhos para as pessoas, ou na rodoviária, que fica defronte, para carregar malas, como forma de ganhar dinheiro para ajudar a família.  
D. Madalena conseguiu um emprego de serviços gerais numa construtora, o que deu um pequeno alívio no orçamento. Paralelamente Carlinhos Brown começou a lavar carros no  polo industrial de Salvador, depois passou a fazer limpeza nos ferries boats, na antiga operadora do sistema.
Conseguiu um emprego simples, de faxina, no Banco do Nordeste. Foi quando decidiu se dedicar a área artística. 
Ela não tem qualquer constrangimento em falar disso. Ao contrário, lamenta as pessoas que se entregam diante das dificuldades, optando pela sobrevivência a partir de favores de terceiros ou do poder público. 

Criou todos os filhos com rigor em termos de honestidade e sempre procurou afastá-los dos vícios."
E que almoço. Ela é uma figura fantástica.
O filho Clebinho chegou quinta à noite. O amigo Luiz Carlos já é conhecido e em casa de quem nos hospedamos aqui. Conseguimos trazer a amiga Heloísa Helena. Amiga do coração,  Heloísa é doutora em Museologia e uma das maiores autoridades no assunto, na América Latina, sendo consultora da UNESCO para a área de patrimônio e é  curadora do Museu Hodin na Bahia. Fui seu adjunto quando ela dirigiu o Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Um rico momento de minha vida profissional.
Mais amigo chegando.
Bernardo é filho de Helô e muito amigo de Clebinho.
Sexta-feira, Dia da Consciência Negra, e estando na Bahia, todos com a cor da paz, vamos comer comida baiana, é claro. Ensopado de camarão, mas sem dendê. Baiano, mas nem tanto.
D. Madalena é uma mulher muito inteligente e verbaliza muito bem seu pensamento, como a maioria dos baianos.
Dessa vez entramos em outro tema. Muito religiosa, fala de sua formação evangélica, filha de um fiel seguidor da Igreja Assembleia de Deus, mas declara sua total decepção com o caminho tomado pela grande maioria das igrejas evangélicas, optando estas por  doutrinas que em nada se identificam com o Evangelho de Cristo.
Também discorda de um dia especial para chamamento para a consciência negra. Ela acha que deve haver sim, é um chamamento para uma forte consciência de  humanidade, sem distinção de raça.
Merece destaque o fato de que Salvador é a cidade com maior concentração de negros fora da África e esse dia aqui nem é feriado, ao contrário de muitas outras cidades do país.
Um foto para marcar as horas agradáveis que lá passamos.
Cante com Dorival Caymmi:
Você já foi à Bahia, nega?
Não? Então vá!
Quem vai ao Bonfim, minha nega
Nunca mais quer voltar
Muita sorte teve
Muita sorte tem
Muita sorte terá
Você já foi à Bahia, nega?
Não? Então vá!
Lá tem vatapá!
Então vá!
Lá tem caruru
Então vá!
Lá tem munguzá
Então vá!
Se quiser sambar
Então vá!
Nas sacadas dos sobrados
Da velha são salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Que nenhuma terra tem.

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