A BAHIA E SEUS MISTÉRIOS
Aconteceu ontem em Salvador a Caminhada do Senhor do Bonfim. Como temos muuuuuitos amigos baianos, recebemos
muitas fotos deles seguindo o cortejo, e achei legal comentar um pouco sobre
isso.
Eu passei algum tempo sem entender essas questões religiosas em Salvador. É como canta Caetano: “ É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi”.
A minha empresa operadora do sistema Ferry Boat ficava dentro do circuito da caminhada e assim
eu pude assisti-la, por vários anos.
A festa é celebrada desde o século 18, em
janeiro, depois da Festa da Epifania de Jesus.
( as fotos foram tiradas da internet)
( as fotos foram tiradas da internet)
São quase três horas de peregrinação e essa é a
mais importante festa religiosa ou (seria profana?) da Bahia. Este ano ela envolveu cerca de 1 milhão de pessoas. Inicia-se com o
cortejo de baianas e todos caminham desde a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da
Praia até o alto do Bonfim, carregando água de cheiro. Cerca de 1.500 integrantes do Bloco Afoxé Filhos de Ghandy formam um
imenso tapete branco pela Cidade Baixa.
O percurso é de oito quilômetros de
festa. Em alguns pontos a festa termina ao som de trios elétricos e bandas. Já
há alguns anos os trios foram retirados da caminhada. Foi quando criaram a expressão:
“quem tem fé vai a pé”.
Tenho amigos católicos apostólicos
romanos, praticantes e envolvidos na Igreja, que não perdem jamais uma caminhada. Da mesma forma amigos
simpatizantes do candomblé que fazem o mesmo. E aqueles que não são coisa nem
outra, mas que também sentem-se tocados nesse evento.
Esse é
o maior mistério da Bahia, onde o Hino
ao Senhor do Bonfim é confundido com o Hino da Bahia. Só estando lá para entender, embora também existam
resistências. Acabei de ler, por exemplo, o site do Movimento Amigo da
Realeza. Um linha católica fundamentalista, que abomina o evento. Por outro
lado esse movimento é adepto da veneração de santos. Isso os evangélicos também
abominam. O líder de candomblé Tata
Anselmo Santos declara: "Cada um tem a sua crença e isso é pessoal.
Juntos, entretanto, somos apenas diferentes". Tá vendo como a coisa é
simples e ao mesmo tempo é muito complicada?
A festa é também um
ato político. Nela se mede o prestígio de cada político, onde os pré-candidatos farão sua
primeira prova de fogo junto ao eleitorado. As correntes políticas marcham
juntas. Os que apoiam o governo estadual do PT e depois a oposição, capitaneada pelo
prefeito ACM Neto marcham num único bloco.
Pedro Nunes: "Parceria de todo o sempre!!!!! Mais um Bonfim!!!" |
Com tudo isso, o melhor não seria as pessoas respeitarem a crença de cada um? Estou saindo e assim não dá tempo de fuçar mais faces de amigos. Axé a todos! |
Vanessa Goulart: "Hoje é o dia do Senhor do Bonfim, segunda quinta-feira do ano." Como leio tudo e presto atenção no que estou lendo, mais um engano de quem estava lá. Ontem foi na realidade a terceira quinta-feira do ano. Ou o evento estava no dia errado (claro que não) ou essa Vanessa se enganou na data (claro que ela se enganou). Apenas como curiosidade esse comentário meu.
ResponderExcluirReligião é um sentimento difícil de entender. Uns tem mais, outros menos, uns de um jeito outros de outro. Parece que combate o medo, "floreia" a realidade, sociabilisa o povo e dá oportunidade de expressão. Mas, também dá lugar ao fanatismo e às guerras. O bom-senso, o questionamento, a reflexão, a tolerância devem predominar. Comparando com a história das religiões e seitas nos Estados Unidos e os problemas que o Governo de lá enfrenta para combater o extremismo, parece que o Brasil está muito melhor.
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