UM POUCO DA HISTÓRIA DE BELISÁRIO

Arquivos de D. Nina Campos

Em visita a Belisário, já há algum tempo, dona Maria do Carmo Athayde, ou Maricas, como era conhecida, que aqui nasceu em 1923, acompanhada de sua filha, Lúcia Mª do Carmo de Barros, deixou-nos o seguinte relato:

Visitando Belisário me emociono muito ao ver os progressos de nossa terra, inclusive a casa que era nossa, construída por meu marido, muito bem reformada, abrigando hoje o Cartório Pimentel. Sinto vontade de ir a zona rural. Tenho saudades das fazendas, onde todo mundo freqüentava as festas de Santos, casamentos, cachoeiras, sem distinção de comunidades. O povo da época ia muito à roça aos domingos, tanto a pé, como a cavalo ou de charrete. Era a nossa diversão visitar os amigos de lá.
Nos dias de semana eles é que vinham aqui na rua, buscar coisas nas vendas.
Quando solteira, eu dançava contra a vontade de meu pai. Ele nos deixava ir aos bailes mas só para espiar.
Havia muita paixão recolhida. Uma delas era do Augusto do Atalíbio. A paixão da Lúcia, era o Dimas.
O piso da igreja de Sto. Antonio era lavado todos os dias, o que era feito pelas crianças desde o tempo do Pe. Américo. Cada menino lavava um ladrilho e os adultos vigiavam e ofertavam os materiais da limpeza conforme suas posses. A fachada da igreja era revestida da malacacheta de lavras do próprio distrito e era orgulho do povo do lugar.
Com o nascer do sol e o luar cintilava tanto que era especialmente lindo! Atraia a atenção de quem visitava Belisário.
Na quaresma havia muito medo. O Luizinho então piorava tudo fazendo caveira de mamão verde. Punha vela acesa dentro e saia para espantar a meninada. Dizia que era assombração aparecendo para buscar menino que jogava pedra no telhado das casas.
Porque de vez em quando tinha telha quebrada e era goteira de chuva na certa.

Seu Luizinho fazia benzição contra dor de dente. Falava:
“some, some, some
vai pras areia gordas
onde num vê galo
nem galinha cantá.“

Repetia tantas vezes, que a dor sumia. Depois, o paciente costumava trazer uma galinha de presente para o benzedor.

Também fazia macumba, mas nem sabia o que era isso; cantava assim:

galo preto bateu no carijó
Galo preto bateu no carijó
Me ajuda a bater no caixote
Pum, Pum, Pum !

(Arquivo do GAB, Belisário, 20-09-2004)

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